| As mudanças climáticas estão provocando eventos extremos que, além de impactar o cotidiano, trazem consequências econômicas. Em 2023, desastres naturais geraram perdas globais que totalizaram US$ 380 bilhões – dos quais US$ 118 bilhões foram destinados ao pagamento de indenizações por companhias de seguros. No país, onde chuvas intensas e inundações são frequentes, surge uma questão: como o setor securitário pode se preparar juridicamente para enfrentar sinistros de grande magnitude e garantir uma indenização rápida aos segurados? Marcelo Camargo, advogado do escritório Agrifoglio Vianna, destaca que o momento do sinistro é o ponto mais delicado na relação entre segurado e seguradora. “Ninguém contrata um seguro esperando precisar usá-lo, mas quando um evento climático de grandes proporções ocorre, é nesse instante que a seguradora precisa estar preparada para agir com rapidez e eficiência. O processamento do aviso de sinistro, a regulação dos danos e o pagamento da indenização dentro do prazo são essenciais para que o sistema funcione de forma justa para ambas as partes”, explica. Globalmente, a crescente de desastres naturais tem levado as seguradoras a repensar suas estratégias de aceitação de riscos. Na Califórnia, por exemplo, o aumento dos incêndios florestais forçou várias empresas a deixarem de oferecer apólices residenciais em áreas consideradas de alto risco. No mercado de seguros agrícolas brasileiro, no Rio Grande do Sul, dois anos consecutivos de seca na produção de soja já obrigaram as seguradoras a reajustar os prêmios para equilibrar os riscos. “Se um evento adverso tem alta probabilidade de ocorrer, o risco pode se tornar inaceitável no modelo de negócios. O ajuste é inevitável quando as probabilidades de sinistros aumentam”, explica Camargo No Brasil, há desafios relacionados à baixa penetração do produto na população. Em território estadunidense discute-se a implementação de mecanismos de suporte governamental para tornar o seguro mais viável em regiões vulneráveis a incêndios e inundações. A saída para garantir a sustentabilidade do setor pode passar pela criação de políticas públicas que incentivem a participação das seguradoras em áreas de risco elevado. Outro fator essencial para o bom funcionamento do mercado segurador diante das mudanças climáticas é a transparência na comunicação com os segurados. A falta de clareza sobre o que está ou não coberto pode gerar desentendimentos, processos judiciais e comprometer a credibilidade das seguradoras. “É obrigação das seguradoras garantir que seus clientes compreendam exatamente quais riscos estão cobertos pelo contrato, evitando surpresas desagradáveis no momento do sinistro. Para isso, é fundamental investir em canais de atendimento eficientes e plataformas digitais que disponibilizem informações detalhadas sobre os produtos oferecidos”. A nova Lei de Seguros, prevista para entrar em vigor em dezembro de 2025, tornará rigorosa a exigência de transparência no setor. Seguradoras que não fornecerem informações claras e detalhadas antes da assinatura do contrato poderão ser impedidas de negar a cobertura em caso de sinistro. “As seguradoras precisam agir de maneira proativa a fim de minimizar riscos e garantir a resiliência. Além da adaptação dos contratos e da precificação dos seguros, a rapidez na regulação dos sinistros e o fortalecimento da transparência na comunicação com os clientes serão fatores determinantes na sustentabilidade do setor nos próximos anos”, alerta o especialista Marcelo Camargo. Sobre a Agrifoglio Vianna:  A Agrifoglio Vianna é um escritório de advocacia com 34 anos de experiência e tradição para seguradoras e corretoras de seguro. Possui atuação em todo o território nacional e alta performance em ações estratégicas e de volume, contencioso e administrativo. | 
