O uso do calcário como corretivo de solo, indiscutivelmente, comprova seus impactos positivos na produtividade da soja e do milho em Mato Grosso. Mas embora a importância da calagem seja amplamente reconhecida, as diretrizes tradicionais para sua aplicação ainda geram debates. Ajustes na dosagem podem gerar ganhos expressivos de produtividade, desejo de todo produtor rural, de safra em safra. E para isso, como tudo o que envolve agricultura e ciência, é preciso quebrar algumas resistências e ter a mente aberta a novas técnicas, alertam especialistas em nutrição de solos.
O tema será discutido no 2º Fórum Nacional sobre Corretivos de Solos, que acontecerá no dia 26 deste mês, na Escola de Engenharia de Piracicaba (SP). O encontro reunirá especialistas para debater novas metodologias que determinem com mais precisão a real necessidade dos solos. Trata-se de uma contribuição efetiva ao campo científico e à incorporação de tecnologias pela agropecuária brasileira. O evento é uma realização da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal) e é organizado pelo Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão (GAPE). | ||
Pesquisas conduzidas em Sinop (MT), pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), indicam que a aplicação do calcário em dosagem assertiva pode manter a produtividade elevada por vários anos. No entanto, muitas recomendações agronômicas ainda seguem parâmetros desatualizados, de manuais antigos, concebidos para solos que nem são os do Cerrado. Outro equívoco reside na não adoção da agricultura de precisão, guiada pela coleta e análise de amostras de solos. A técnica permite mapear a real necessidade nutricional, em diferentes áreas da mesma propriedade. Diagnóstico essencial na busca por uma produção maior ao final da safra.
"A recomendação convencional restringia a aplicação de calcário a 2,5 toneladas por hectare, mas observamos que doses maiores podem ser benéficas e seguras", afirma o professor Doutor Anderson Lange. O pesquisador ressalta que, mesmo após três anos da aplicação inicial, as áreas estudadas mantêm bons índices produtivos, demonstrando que o efeito do corretivo é duradouro quando bem manejado.
As pesquisas conduzidas por Lange, em Mato Grosso, indicam que parte dos produtores já vem aderindo ao aumento do uso de calcário. Em 2016, as lavouras de soja e milho utilizavam, em média, 500 quilos do insumo por hectare ao ano (kg/ha/ano), volume que saltou para 1.200 kg/ha/ano em 2022*.
"Temos conduzido pesquisas rigorosas com calcário desde 2014. Avaliações de produtividade mostram ganhos de 5 a 7 sacas a mais por ano para soja e milho ao comparar o uso de doses tradicionais com doses superiores às usuais", explica. Para que esses avanços sejam amplamente adotados, as práticas agrícolas precisam acompanhar essa evolução, garantindo máxima eficiência e retorno econômico, reforça o especialista. | ||
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Impacto no bolso - Os ganhos produtivos proporcionados pela calagem adequada às reais necessidades do solo são expressivos. Em Mato Grosso, onde a produtividade média pode atingir 85 sacas por hectare de soja e 180 sacas por hectare de milho, a otimização da correção do solo representa uma oportunidade de incremento econômico significativo para os agricultores. Por isso, fica o alerta: O produtor que não se atualiza quanto às novas recomendações para corretivos e fertilizantes acaba produzindo apenas 70% do potencial da lavoura.
A presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT), Kassie Regina Riedi Queiroz, reforça a importância do tema. "A técnica de calagem é a base para maior produtividade nas lavouras e Mato Grosso oferta a mais ampla quantidade e qualidade do insumo, num tecnificado parque fabril composto por 42 indústrias instaladas. Quando o produtor compreende e adota as práticas corretas de correção do solo, encarando o calcário como parceiro de primeira ordem na produtividade, ele maximiza os resultados e potencializa a eficiência dos fertilizantes", destaca. |