Cidades

09/12/2019 06:09 Folhamax

Esquema em banco compra avião para ex-secretário e deputado de MT

Parte dos recursos obtidos num esquema de empréstimos fraudulentos tomados por empresários, utilizando dívidas fictícias com o Governo do Estado, pode ter sido utilizado para adquirir uma aeronave. O bem foi “comprado” por Vilceu Marchetti, ex-secretário de Infraestrutura (Sinfra) da gestão do ex-governador Blairo Maggi, que também fazia parte das fraudes.

A informação consta de uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) sobre um desdobramento da operação “Ararath”, que apura crimes contra o sistema financeiro nacional, cuja base de operação seria Mato Grosso, e que teria movimentado R$ 500 milhões. O dinheiro proveniente destes “empréstimos”, tomados junto ao BicBanco, retornava à organização criminosa composta pelos ex-governadores Blairo Maggi,  Silval Barbosa, pelo ex-secretário Eder de Moraes, além de empresários e funcionários da própria instituição financeira.

De acordo com informações do MPF, os empresários apresentavam ofícios de secretarias do Poder Executivo – como a Sinfra, no caso de Vilceu Marchetti -, de dívidas com o Governo do Estado que funcionavam como “garantias” de empréstimos junto ao BicBanco. Os recursos beneficiavam a organização criminosa. O órgão ministerial suspeita que apenas este esquema tenha movimentado em torno de R$ 12 milhões.

Em depoimento ao MPF, o ex-superintendente do BicBanco, José Carlos Cuzziol, afirmou que parte desses recursos foram utilizados por Vilceu Marchetti para adquirir uma aeronave. Neste caso, o empréstimo foi concedido a uma empresa de Sinop (500 KM de Cuiabá), de propriedade de Ulisses Viganó Júnior.

Um deputado estadual (não denominado) também teria se beneficiado do bem juntamente com o ex-secretário. “Outro fato confidenciado por Ulisses Viganó era de que em um dos empréstimos tomados, parte do dinheiro foi utilizado para comprar uma aeronave em favor de Vilceu Marcheti e um deputado estadual, o qual o Declarante não se recorda o nome”, revelou Cuzziol.

Luiz Carlos Cuzziol também narrou em seu depoimento ao MPF que os servidores da Sefaz-MT – à época, chefiada por Eder de Moraes -, ficavam “desesperados” com notificações do BicBanco. A instituição financeira exigia que nos ofícios repassados pelas secretarias (e utilizados como garantias nos empréstimos fraudulentos), constasse o chamado “domicílio bancário” – ou a conta corrente atrelada aos contratos, quando estes estavam expressos nos documentos públicos.

Segundo o MPF, o motivo para o “desespero” é que as “garantias” dadas pelo Governo do Estado referiam a obras que ainda não tinham ordem de serviço expedida, que estavam paralisadas, ou mesmo finalizadas. “O declarante se recorda que os servidores de carreira lotados nas tesourarias das secretarias de Estado, muitas vezes ficavam desesperados quando recebiam uma notificação do BicBanco cobrando domicílio bancário, isso quando a carta de comprometimento indicava um número de contrato; esse desespero muitas vezes decorria porque o número do contrato mencionado na carta de comprometimento se referia a obra paralisada, obra não iniciada (sem ordem de serviço) ou obra já concluída e quitada pelo Governo do Estado de Mato Grosso”.

MORTE

Marchetti foi assassinado em julho de 2014 a tiros na Fazenda Mar Azul, em Santo Antônio do Leverger (34 Km ao sul de Cuiabá), propriedade na qual ele trabalhava como administrador. Anastácio Marafon, caseiro da fazenda, acabou acusado de crime passional, processado e absolvido.

Marchetti teria assediado sexualmente a esposa de Marafon, Ângela Aparecida Ribeiro dos Santos. A PF e o MPF investigam o trecho do depoimento de Cuzziol em que é citada a compra do avião.


Copyright  - Batatinha News  - Todos os direitos reservados


Plantão

Fone (65)99971-1708