Agronegócio

27/02/2020 06:19

Trigo no Cerrado Central tem potencial de crescimento

Segundo dados da Embrapa, em 2019, foram plantados cerca de 100 mil hectares com trigo sequeiro na região e há mais de dois milhões de hectares passíveis de serem cultivados com o grão nessa região.

De olho nesse potencial, pesquisadores e produtores rurais se reuniram no X Encontro Técnico da Cadeia Produtiva do Trigo para discutir as possibilidades e os desafios do plantio do trigo sequeiro (safrinha) e irrigado no Cerrado. O evento foi realizado no PAD-DF, maior produtor de trigo do Distrito Federal, localizado a 50 quilômetros de Brasília.
O trigo melhora o desempenho da lavoura, quebra o ciclo das doenças que atacam a soja, evita o aparecimento de plantas daninhas, reduz a infestação de nematoide e deixa uma excelente palhada na propriedade. Por isso, Cláudio Malinski, engenheiro agrônomo da cooperativa, aposta que dentro de cinco ou seis anos a área com trigo no Cerrado vai aumentar muito: “A soja, o feijão ou o milho sempre produz mais sobre a cultura do trigo do que sobre outra cultura. Ao encarar a cultura como parte do sistema de produção, os produtores vão continuar a plantar o trigo. E a partir do momento em que nós dominarmos mais as tecnologias genéticas, a tendência é aumentar a área de plantio”.
O Planalto Central, região que engloba o PAD-DF, dispõe de mais de dois milhões de hectares onde o trigo pode ser plantado: “Pensando em uma área de dois milhões de hectares com produtividade de dois mil quilos, que é uma produtividade baixa, o Cerrado poderia produzir facilmente 4 milhões de toneladas explorando essa área com trigo sequeiro. O Centro-Oeste consome cerca de 1,5 milhão de tonelada de trigo, o que é facilmente atingível. Isso mostra a potencialidade que existe aqui”, comenta o engenheiro.
Outro ponto importante muito citado tanto pelos cooperados como pelos pesquisadores é a qualidade do grão produzido na região, que se destaca mesmo quando comparado com o trigo do Canadá e dos Estados Unidos, países com produção de excelente qualidade industrial. “Quando o produtor vai comercializar a BRS 264, qualquer moinho compra sua produção sem questioná-lo”, informa o pesquisador o pesquisador da Embrapa Cerrados, Júlio Cesar Albrecht. Hoje, essa cultivar é plantada em cerca de 80% da área cultivada com trigo no Cerrado. 
Ele explica a razão dessa qualidade: “Nós buscamos, em função da excelente oferta climática que temos aqui, agregar o fator genético no desenvolvemos das cultivares. E hoje o Cerrado do Brasil Central produz um dos melhores trigos do mundo em termos de qualidade industrial para panificação. Os moinhos têm atestado isso a partir da qualidade da farinha produzida com o trigo da região, tanto nas áreas irrigadas quanto nas de sequeiro”.
Tecnologias
O pesquisador Julio Albrecht falou que o Cerrado tem um alto potencial produtivo com um trigo super precoce, com ciclo 110 dias, enquanto a média nacional está em torno de 2,7 toneladas por hectare. No Cerrado existe produtor produzindo quase oito toneladas por hectare e de um trigo de excelente qualidade. A produtividade obtida no Cerrado é a maior de todo o País e se destaca mesmo em cenário mundial. Comparado ao Canadá e aos Estados Unidos, principais produtores do grão, os agricultores colhem essa mesma produção, mas com mais de 180 dias, que é o ciclo das cultivares utilizadas naquele país. 
Para cada uma das cultivares de trigo desenvolvidas pela Embrapa para o Cerrado – as BRS 254, 264, 404 e 394 – o pesquisador apresentou as condições de plantio recomendadas, sua produtividade, em sequeiro e com irrigação, e a melhor época para semeadura: “Não é uma boa estratégia adiantar muito o período de plantio do trigo na safrinha para conseguir maior produtividade, porque com isso aumenta muito o risco de brusone no estado de Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal. O produtor tem que considerar a distribuição das chuvas na sua região no período da safrinha e encontrar o melhor momento para o plantio”.
Doença
A brusone é a principal doença que atinge o trigo no Centro-Oeste e que impede a maior expansão da cultura na região. Ela é de difícil controle e não existem produtos específicos para combatê-la. “Temos que trabalhar com épocas de plantio e manejo para que o espigamento do trigo fuja dos períodos mais favoráveis à doença”, explica o engenheiro agrônomo da Coopa-DF.
Para minimizar os riscos climáticos, o pesquisador da Embrapa enfatiza a necessidade de uma adubação adequada, capaz de proporcionar de proporcionar uma melhor distribuição das raízes das plantas, para que possam aproveitar melhor a umidade do solo, dos cuidados com o espaçamento das plantas e a densidade, que devem seguir a recomendação de cada cultivar, e o período de plantio. “O trigo vem se expandindo significativamente na região do Cerrado e para continuar essa expansão é preciso adotar estratégias de manejo da cultura indicados pela pesquisa para que se consiga os melhores resultados”, alerta.
Albrecht anunciou o lançamento de uma nova variedade de trigo da Embrapa Cerrados para 2021, também destinada ao Cerrado brasileiro para sistemas irrigados, com alta produtividade, qualidade para panificação e maior tolerância à brusone.


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